Exclusivo: José Luís Vasconcellos é reeleito na presidência da CBC

 

José Luís Vasconcellos acaba de ser reeleito como presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo por mais quatro anos, com 15 votos contra 12, em que cada voto representa uma federação estadual. A eleição da CBC foi realizada nesta quarta-feira, em Curitiba, Paraná, definindo a diretoria que administrará a entidade nos próximos quatro anos, período que culminará nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

José Luís Vasconcellos entrou no cargo após doença de Bruno Caloi, presidente na época. Sua reecandidatura foi com base na proposta de “buscar o apoio de uma empresa estatal para o ciclismo e instalar uma seleção permanente de pista no Velódromo do Rio de Janeiro. O dirigente quer ampliar o ciclismo, levando-o do esporte de alto-nível para a população que não pratica esporte, dando ênfase à bicicleta como meio de transporte”.

As outras duas chapas oposicionistas tiveram os candidatos: Marcos Mazzaron, que atualmente preside a Federação Paulista; e Fernando Nabuco, ex-presidente da CBC, de 1986 a 1989, e da Bolsa de Valores de SP, entre 1980 e 1981, e novamente em 1990.

Uma das questões polêmicas sobre a atual gestão da Confederação diz respeito ao uso do Velódromo do Rio de Janeiro. Ele foi construído para a disputa dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, mas foi utilizado poucas vezes. A primeira foi apenas 240 dias após o Pan, com o Campeonato Inter Estadual de Pista, em março de 2008.

Vasconcellos promete em seu segundo mandato fazer maior uso da instalação, que é do Comitê Olímpico Brasileiro. “Não demos prioridade para o ciclismo de pista pela dificuldade quanto à classificação olímpica. Mas estamos tentando acerto com técnicos estrangeiros para formar uma seleção permanente. O velódromo é do COB, mas nós faremos o plano de desenvolvimento já no primeiro semestre, em função do Campeonato Pan-Americano, em maio”, explicou ele.

A entrada de um grande patrocinador no ciclismo, provavelmente com recursos estatais do Banco do Brasil, apimentou a disputa. Em entrevista ao EsporteBizz, Vasconcellos revelou que, após conversas com o governo federal, ficou acertado que uma estatal trabalhará com o ciclismo.

Ele preferiu não revelar o nome para não ser acusado de usar a informação para se reeleger.“Seria interessante eu permanecer no cargo para dar continuidade ao trabalho. Mas a vinda dessa estatal não está atrelada à minha reeleição. Quem vencer a disputa irá divulgar o nome da empresa”, despistou antes da eleição acontecer.

Nesta terça-feira, porém, a ciclista Janildes Fernandes, em entrevista à Rádio Lance, acabou revelando que o Banco do Brasil é a estatal que se interessou pela modalidade. Para Janildes Fernandes que sempre teve apoio da CBC, o ciclismo vive uma boa fase:

“Infelizmente o atleta não pode votar, o que acho uma injustiça pois somos nós quem sofremos com os problemas. Isso tem de mudar. O ciclismo vive uma boa fase e vem crescendo mesmo com as dificuldades. Acredito que se os investimentos continuarem, o Brasil vai brigar por medalhas e chegará bem em Londres 2012. As provas em velódromo precisam de grande investimento. Recentemente foi feito um bom investimento na compra de equipamentos para a Seleção Brasileira, declarou a goiana. (Com informações adicionais da UOL, Bikebizz SS Notícias)

Links de matérias interessantes sobre a eleição:

http://noticias.bol.uol.c…lt4360u620.jhtm

http://www.ss.esp.br/cgi-bin/imprensa/n15026.asp

http://www.novacbc.com.br/

Fonte: BIKEACTION

Alongar ou não antes das pedaladas?

Quem nunca ouviu o colega falar antes da prática de algum exercício físico: “pra evitar dor no outro dia e lesão vamos alongar antes e depois”. Isso já se tornou parte do senso comum. Mas será que isso está certo mesmo?

Ninguém antes questionava sobre isso, parecia uma coisa muito evidente e lógica de se fazer, como colocar álcool em machucados. Porém, esse paradigma começou a mudar após um estudo realizado pelo Centro de Controle de Doenças (Centers of Disease Control – CDC). O CDC é um órgão dos EUA conhecido por atuar em saúde pública, epidemiologia e doenças infecciosas. Possui diversos estudos sobre a obesidade, mostrando que o aumento dos exercícios pode reduzir prejuízos na área de saúde pública. Eles também pesquisam como encorajar as pessoas a se exercitarem mais, os motivos que muitas não praticam exercícios, tempo despendido durante as atividades e as lesões causadas. thumb_500

Sobre alongamento, eles fizeram o estudo “The impact of stretching on sports injury risk: a systematic review of the literature”. O chefe da equipe Dr. Thacker avaliaram aproximadamente cem trabalhos sobre essa questão e concluíram que:

– o alongamento aumenta a flexibilidade;
– os trabalhos de maior qualidade científica indicam que este aumento não previne lesões;
– poucos atletas precisam de muita flexibilidade para obterem a melhor performance ( com exceção de ginastas, patinadores artísticos, etc.);
– muitas lesões seriam evitadas com a realização de aquecimentos adequados e treinamentos de equilíbrio e força ao invés do alongamento.

Isso era algo que alguns profissionais da área de educação física já haviam falado, que o trabalho de força (musculação) prevenia muito mais lesões do que alongar antes da atividade. Um músculo forte resiste muito mais a estiramentos do que um músculo alongado. Na verdade em muitos esportes o alongamento pode até atrapalhar por afastar as articulações e criar instabilidade.

ciclistaJá Ian Schrier, ex-presidente da Sociedade Canadense de Medicina Desportiva (Canadian Society of Sports Medicine), realiza estudos sobre o alongamento desde o começo da década de 90. Em 99, ele publicou o trabalho “Stretching before exercise does not reduce the risk of local muscle injury” e apresentou alguns motivos pelos quais o alongamento pode não resolver o risco de lesão muscular, os principais foram:

– o alongamento não muda a atividade muscular excêntrica (quando um músculo contrai e alonga simultaneamente, como durante a descida na corrida), que acredita-se ser a causa da maioria das lesões;
– o alongamento pode causar lesões em nível esquelético;
– o alongamento pode mascarar a dor muscular, prejudicando o reconhecimento deste sinal pré-lesional.

Muitos devem estar assustados com essas informações e dizendo “no início eu não fazia alongamento e no outro dia nem conseguia andar, aí depois que um colega falou pra fazer as dores diminuírem, disse que era pra diminuir o ácido láctico”. Veja bem, as dores musculares no outro dia é resultado de microlesões nas fibras musculares, não tem nada haver com ácido lático. Na verdade o músculo nem produz ácido láctico. O músculo em trabalho intenso produz lactato e íons H+, entre outros metabólitos. Os íons H+, que muitos acham que é ácido lático, causam uma espécie de queimação (devido ao aumento da acidez e sensibilização dos receptores de dor) e fadiga.Triathlon14

Outra pesquisa muito interessante sobre alongamento e prevenção de lesões foi realizada com recrutas militares americanos, pois o treinamento militar apresenta muitas semelhanças com o exercício e o exército tem um interesse enorme em manter baixos índices de lesões. No estudo “Physical training and exercise related injuries”, foram relatados que os recrutas com a maior e menor flexibilidade apresentaram os maiores índices de lesões, respectivamente, 2,2 e 2,5 mais chances de desenvolvê-las do que recrutas com flexibilidade mediana. Ou seja, como Buda dizia que o melhor caminho é o caminho do meio, sem extremismos.

Olha o que falou o Sr Ed Whitlock, que no último outono tornou-se o primeiro corredor com mais de 70 anos a completar a prova antes de três horas. Entretanto, ele teve receio de ser um mau exemplo, pois ele não faz alongamentos: “Obtenho meu melhor tempo treinando com exercícios resistidos (musculação), mas não quero prejudicar o alongamento. Cada um precisa achar seu próprio caminho. Porém, você pode se machucar se fizer alongamentos em excesso”.

E pra quem faz trilhas que precisa usar muito a força nas pernas, será que melhora ou atrapalha o alongamento estático antes? Uma pesquisa de KAKKONEN et al (1998) compararam os efeitos do alongamento na realização de um teste máximo de força no exercício de flexão e extensão de joelhos em duas situações: 1) após os indivíduos permanecerem sentados durante 10 minutos ou; 2) após 20 minutos de alongamento passivo. O alongamento passivo era composto de movimentos de sentar e alcançar, posição de lótus e outros movimentos direcionados para músculos do quadril e membros inferiores, sendo a amplitude definida pelo próprio participante. De acordo com os resultados, o alongamento promoveu uma queda de 7,3% e 8,1% na carga máxima 1RM(repetição máxima), na flexão e extensão do joelho, respectivamente.

Então, vimos que o alongamento antes do treino não previne lesões e até pode prejudicar a força. Mas e durante o treino e depois se deve fazer alongamento?

Durante o treino e após o alongamento pode ser usado como forma de descanso ou relaxamento. Após ficar fazendo repetidas vezes o mesmo movimento, um alongamento leve nos passa uma sensação de alívio e bem-estar. Principalmente após treinos realmente intensos é normal uma perda de coordenação motora o que pode ser meio incômodo e esse alongamento de “volta à calma” seria uma forma de adaptar novamente o sistema neuromuscular às tarefas comuns, como caminhar.

E pra quem se sente “duro” ou com baixa flexibilidade. Pra esses o melhor é fazer um trabalho de flexibilidade separado do treino de bike. Por exemplo, Burfoot, da Revista Runner’s Word, sugere que sigamos pela estrada do meio: alongar enquanto assistimos TV. A abordagem da equipe Wharton, onde o alongamento é dinâmico – e não estático, como de costume – parece ser uma forma natural de nos sentirmos bem. O alongamento dinâmico, eles chamaram de AI (“ativo, isolado”), que movimentam o músculo e articulação suave e progressivamente do repouso até o ponto de tensão leve, então imediatamente relaxam o segmento, repetindo o mesmo movimento dez vezes.

Além disso, fazendo um trabalho de flexibilidade em outro horário livre você irar economizar tempo durante o treinamento de bike. E não se esqueçam do trabalho de musculação na academia, esse sim irar prevenir lesões.

Fiquem com Deus e boas pedaladas.wallqueenk800-copy

Fonte:

Revista Runner’s Word outubro/2004, Amby Burfoot.

KOKKONEN J; NELSON AG; CORNWELL A. Acute muscle stretching inhibits maximal strength performance. Research Quarterly for Exercise and Sport. Vol.69 n°4 pp:411-415, 1998.

Flavio Lopes Zaniz. (flavio.zaniz@gmail.com)

CREF 4765-G/DF

Pós-graduado em Fisiologia do Exercício